A opinião pública acaba de ser informada que o governo está retomando o processo de leilões para instalação de pedágios em diversos trechos de rodovias federais. O Paraná será "presenteado" com três praças - uma delas, na Régis Bittencourt, a BR-116 entre Curitiba e São Paulo, tronco rodoviário fundamental da ligação Sul-Sudeste do país. De outro lado, foi divulgada recentemente a arrecadação da União relativa ao primeiro trimestre de 2007. Mais uma vez, registrou-se recorde: são quase R$ 103 bilhões em 3 meses, média de R$ 34,3 bilhões por mês. Não há como separar uma notícia de outra. Estamos prestes a ter nossos bolsos assaltados por mais taxas de pedágio - como se já não pagássemos os impostos necessários e referentes, exatamente, à construção, melhoria e manutenção das estradas. O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Setcepar) repudia veementemente a posição do governo federal em entregar trechos de rodovias para a iniciativa privada. Lembramos que, além de todos os demais tributos, as empresas de transportes pagam também a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) - o imposto da categoria, ou seja, o tributo que é, ou ao menos deveria ser, utilizado na infra-estrutura rodoviária brasileira. Somente esse "pequeno" tributo gerou aos cofres federais a quantia de R$ 1,8 bilhão neste primeiro trimestre de 2007 - ou seja, a Cide gera mais de 600 milhões por mês. A Cide, criada com apoio de nós, empresários transportadores, foi mais um engodo para com a sociedade. Sob a justificativa de se resolver o problema das rodovias, apoiamos tal invenção. Entretanto, passados cinco anos, o que vemos é um constante e sistemático desvio de sua finalidade, tal qual vem ocorrendo com a CPMF. O Setcepar pergunta: onde está nosso dinheiro? Porque ainda trafegamos em estradas ruins? Porque somos obrigados a arriscar a vida de nossos profissionais e nossas próprias em corredores da morte como a BR 116 onde sofremos com trechos perigosíssimos e ainda com pista simples? Mais uma vez estamos, todos nós, contribuintes, pagando a conta pela incompetência e irresponsabilidade do poder público. Vamos pagar mais pedágios - taxa imputada sem desconto em qualquer outro imposto. Não temos alternativa de tráfego em rodovias públicas decentes, e tampouco o governo acaba com a Cide. Independentemente de questões ideológico-políticas, como cidadãos e contribuintes, não podemos aceitar de boca fechada mais essa imposição de novos pedágios. Pagar duas vezes pelo mesmo serviço é imoral. Fernando Klein Nunes - presidente do Setcepar, sindicato que representa 3.412 empresas de transporte de cargas em 265 cidades do Paraná.
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