quinta-feira, 17 de maio de 2007

CHEIRO DE PIZZA NO RIO GRANDE DO SUL


Fonte do Texto: Jornal Pioneiro - Stefan Ligocki - 17/05/2007 - Ilustração: Jornal Pioneiro
A CPI passa pelo PDT
Apesar do cheiro de pizza por conta da exclusão do deputado Alvaro Boessio (PMDB), os articuladores da CPI dos Pedágios ainda tentam incluir na comissão deputados não-alinhados à base aliada do governo Yeda Crusius (PSDB). O objetivo é evitar que a relatoria caia em mãos governistas, o que poderia transformar a CPI em chapa-branca. Hoje, a oposição acredita que já tem cinco dos 12 votos dos integrantes da comissão: dois do PT, um do DEM, um do PP e um do PDT. Mas é exatamente pelo PDT que passa o futuro da CPI. Se o caxiense Kalil Sehbe não for o segundo indicado do partido - o primeiro é Gilmar Sossella, provável presidente - há boas chances de os oposicionistas não obterem os seis votos necessários para empatar a contagem com a situação. No caso de empate, Sossella daria voto de minerva para que a relatoria fique com a petista Marisa Formolo. - Eu gostaria muito de estar entre os 12 titulares da CPI, mas dependo da escolha da minha bancada - explica Kalil, um dos principais articuladores da CPI. Até a próxima terça-feira, o PDT decidirá os seus dois indicados.
Comissão chapa-branca?
Apesar dos protestos da oposição, a Comissão de Representação Externa das Estradas foi instalada ontem na Assembléia Legislativa. O grupo terá 30 dias para apurar questões relacionadas às concessões rodoviárias do Estado e à situação da malha rodoviária gaúcha. O coordenador da comissão é o deputado governista Rossano Gonçalves (PDT). Ele garante que a comissão não será chapa branca - apesar de ter nascido como resposta à CPI dos Pedágios.- Essa comissão é desnecessária porque não pode obrigar ninguém a depor ou mesmo quebrar sigilos, como faria uma CPI - sustenta a deputada Marisa Formolo (PT), que ontem participou da instalação. A comissão pretende ouvir os três últimos governadores do Estado - Antônio Britto (sem partido), Olívio Dutra (PT) e Germano Rigotto (PMDB) para chegar às conclusões. Na próxima sexta-feira, o grupo se reúne para definir o cronograma de atividades. Nos bastidores da Assembléia, comenta-se que se Rossano Gonçalves obter a segunda vaga do PDT na CPI dos Pedágios, a nova comissão será extinta.
Forças estranhas
Escanteado da CPI dos Pedágios pelo PMDB, o deputado Alvaro Boessio divulgou ontem uma contundente nota oficial para expressar a sua indignação.- A não-indicação de meu nome para a CPI só pode ser atribuída a forças estranhas e a interesses daqueles que detêm o poder - afirmou Boessio. O peemedebista pretende procurar o presidente estadual de sua sigla, Pedro Simon, para garantir a vaga na comissão.
Suplente fora
A coluna procurou ontem o líder do PMDB na Assembléia, Edson Brum, para saber qual foi o critério usado pela bancada para excluir Alvaro Boessio do grupo de 12 titulares da CPI dos Pedágios. Segundo Brum, Boessio não foi excluído, pois está na suplência da comissão. - Ele também não é deputado titular. E se daqui a pouco ele volta para a suplência, como fica?- questionou Brum. Em seguida, Brum emendou: - Olha, pra mim não tem nem um fato para fazer essa CPI.
Medo no ar
Aliás, nos bastidores da Assembléia circula a informação de que quem está se esforçando mesmo para inviabilizar a CPI dos Pedágios não são interlocutores do atual governo estadual, mas integrantes antigos do PMDB. Esses peemedebistas temem que alguma informação descoberta pela CPI em relação ao governo Antônio Britto (1995-1998), responsável pela criação das concessões rodoviárias, possa comprometer carreiras políticas. Britto, é bom lembrar, era do PMDB quando governou o Estado.
Em tempo: o deputado estadual Alberto Oliveira (PMDB) também foi excluído da CPI dos Pedágios por sua própria sigla, mas ao contrário de seu colega Alvaro Boessio, preferiu permanecer calado.
Mais
Chega pra lá

Entre os motivos que levaram a base aliada na Assembléia a esvaziar a CPI dos Pedágios também está a provável convocação do assessor jurídico da Assurcon, Marcus Gravina, para atuar nos trabalhos técnicos da comissão. Profundo conhecedor dos contratos de concessão, Gravina poderia trazer à tona elementos que complicariam a intenção do governo estadual de prorrogar os pedágios privados do Estado.
A propósito
Inócuo

Sem Alvaro Boessio e Kalil Sehbe entre os titulares e Marisa Formolo fora da relatoria, dá para imaginar qual será o resultado da CPI dos Pedágios?

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