sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Yeda decide ir a Brasília

21/11/2008 N° 10302
DUPLICA RS
Preocupada com a repercussão de notícia de que o governo federal só iria aceitar a prorrogação dos pedágios com nova licitação, tucana pede audiência ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Ela pretende detalhar o programa e buscar o apoio da União
Porto Alegre – O Palácio Piratini vai ampliar a ofensiva para aprovar na Assembléia o projeto que autoriza a prorrogação dos contratos de pedágio. A determinação do governo foi reforçada depois do tumulto provocado pela divulgação de declarações atribuídas ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, contra o projeto.A governadora Yeda Crusius (PSDB) deve ir a Brasília na próxima semana com a intenção de apresentar o conjunto do programa Duplica RS ao ministro dos Transportes e à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A assinatura do Termo Aditivo 2 com as concessionárias tem de receber o aval da União. Isso porque 54,6% dos 1,8 mil quilômetros de estradas concedidas são de rodovias federais. – O dia que ele (Nascimento) me pedir, é tão importante para mim, eu deixo as minhas atividades aqui em Porto Alegre e vou a Brasília – disse Yeda. A intenção da governadora é contornar a controvérsia antes que contamine a Assembléia. A prorrogação dos pedágios precisa ser aprovada pelos deputados estaduais e enfrenta resistência até de aliados. A polêmica surgiu na quarta-feira, quando o líder do governo federal na Câmara dos Deputados, Henrique Fontana (PT), disse que o ministro discorda da concessão de estradas federais sem nova licitação. Yeda soube das declarações de Fontana por meio do titular da pasta da Infra-Estrutura e Logística, Daniel Andrade. Os dois tiveram uma reunião no final da tarde de quarta-feira no Piratini. Ao entrar no gabinete, o secretário revelou à governadora o que estava dizendo o deputado à Rádio Gaúcha. Imediatamente, Yeda pediu a assessores uma ligação para o ministro dos Transportes e para Dilma. Os retornos só foram dados por volta do meio-dia de ontem. Enquanto conversava com o presidente do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado, Arminio da Rosa, a governadora recebeu o telefonema de Nascimento e, em seguida, o de Dilma. Segundo Yeda, o ministro negou ter rejeitado a prorrogação dos pedágios e afirmou desconhecer a proposta. A governadora se colocou à disposição para apresentar o projeto a ambos. – Nascimento estava um pouco chateado. Ele não confirmou o que leu nos jornais. Ele disse que nunca deu declaração (à imprensa). E não deu mesmo. Ele não conhece o projeto no detalhe – disse a governadora à Rádio Gaúcha, ressaltando que ninguém pode atribuir declarações a um ministro. O líder do governo na Assembléia, Pedro Westphalen (PP), criticou Fontana. O parlamentar disse ter se encontrado com o petista na tarde de quarta-feira numa audiência no Senado, em Brasília: – Ele não me falou nada, depois foi para a rádio. Qual é a razão disso? Que contribuição o deputado quer dar? A estratégia do Piratini é convencer Dilma e Nascimento da importância da prorrogação dos pedágios e enterrar a polêmica. As supostas declarações de Nascimento surpreenderam o governo do Estado, mas ninguém admite que houve erro de costura política na condução das negociações na Capital Federal. Em entrevista à Agência RBS na tarde de ontem, Fontana reafirmou que Nascimento não sabia que seu nome aparecia como anuente no projeto do Duplica RS enviado à Assembléia. – O ministro disse que foi surpreendido pelo fato de o nome dele constar como anuente de um projeto sobre o qual em nenhum momento ele foi informado. Ele reafirmou a posição crítica em relação ao modelo de pedágio que a governadora quer fazer – disse.
leandro.fontoura@zerohora.com.br LEANDRO FONTOURA

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