quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Pedágio do Rincão poderá passar para a Conceição

A governadora Yeda Crusius encaminhou para a Assembléia Legislativa, na última segunda-feira, dia 10, um projeto de lei propondo várias mudanças em praças de pedágio no Estado. O texto, além de investimentos em rodovias, trata da criação e transferências de praças de pedágios. E é justamente este ponto que atinge o Vale do Caí. Pelo projeto, seriam extintos os pedágios de Rincão do Cascalho (Portão) e de Farroupilha, ambos na RS 122. Entretanto, seria instalada uma praça de pedágio na altura do quilômetro 8 da RS 122, no bairro Conceição, próximo da fábrica da LF Lareiras. E ao contrário do que acontece hoje no Rincão, onde só é feita a cobrança no sentido Caí/São Leopoldo, o pedágio da Conceição (Caí) teria cobrança nos dois sentidos. O projeto tem gerado muita polêmica e resistência, não só em cidades como o Caí, Bom Princípio e Feliz, que seriam prejudicadas pela cobrança nos dois sentidos, mas até mesmo em deputados estaduais da base aliada do Governo. Os parlamentares têm trinta dias para analisarem e votarem a proposta. E possivelmente devem ocorrer modificações. Antes mesmo da entrada do projeto na Assembléia Legislativa, a governadora decidiu retirar a instalação de novos pedágios em Tapes (BR 116) e Cachoeira do Sul (BR 290). E o mesmo pode acontecer por parte dos deputados, através de emendas durante as discussões.
RESISTÊNCIA
O presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Caí (Corede), Clóvis Assmann, já convocou uma reunião extraordinária para às 16h30min desta quarta-feira, na UCS, do Caí. "O pedágio está sendo jogado para o Caí sem nenhuma discussão com a comunidade", protesta. "Enquanto isso os investimentos previstos serão apenas em Caxias do Sul", completa. A reunião deverá ter a presença de prefeitos, vice-prefeitos, secretários municipais, presidentes de Comudes e demais lideranças da região.
O prefeito eleito do Caí, Darci Lauermann (PMDB) também está preocupado. Ainda na segunda-feira ele teve um encontro com o deputado Álvaro Boessio e os vereadores Mozar Hoff e Valdir Ramos (Dico), quando manifestou contrariedade ao projeto e ganhou o apoio do parlamentar. "A falta de uma via alternativa à rodovia pedagiada irá afastar investidores e comprometer o desenvolvimento da região em torno do Caí", teme Boessio (PMDB). "Ninguém foi consultado. Qual é o benefício que o Caí terá?", questiona Darci, enquanto encontra-se em Brasília, encaminhando projetos para a busca de recursos. Darci diz que também falou com o atual prefeito Léo Klein e demais lideranças, todas contrárias ao pedágio na Conceição. Se não for possível impedir a instalação no Caí, Darci diz que tentará a isenção para os motoristas caienses, como acontece hoje em Portão, além de um percentual maior para a Prefeitura sobre a arrecadação da praça. Como o pedágio não será mais comunitário e sim administrado pela concessionária Convias, os municípios abrangentes ao longo da RS 122, entre Caí e Caxias, devem dividir 5% da arrecadação mensal. O prefeito de Farroupilha, Bolivar Antonio Pasqual, entende que essa percentagem não compensa os prejuízos com o pedágio. "Eu contesto muito", diz, lembrando que pavimentou uma via alternativa por onde passam cerca de 35% dos veículos. Ele diz que o município recebe cerca de R$ 30 mil mensais do faturamento do pedágio que agora deverá deixar Farroupilha para se instalar no Caí. O deputado estadual Paulo Azeredo (PDT), que teve atuação destacada na CPI dos Pedágios, também é contrário a entrega do pedágio comunitário para a concessionária privada. Ele critica as altas tarifas e a cobrança nos dois sentidos. Atualmente, em Farroupilha, é cobrado R$ 5,40, o que daria R$ 10,80 (ida e volta) para quem fosse de carro do Caí para São Leopoldo ou Porto Alegre. Esse valor deve ser reduzido em 20%, passando para R$ 4,40. Mesmo assim seriam R$ 8,80, bem mais do que os atuais R$ 4,80 cobrados para automóveis no pedágio do Rincão. Isso sem falar nas altas tarifas para caminhões e ônibus, que podem chegar a R$ 18,90 (seis eixos).
RS 240
Se por um lado a mudança no pedágio prejudicaria o Caí, Bom Princípio, Feliz e outras cidades onde os motoristas utilizam a RS 122, a alteração poderia ser benéfica para Montenegro e cidades como Pareci Novo, Capela de Santana, Brochier e Maratá. É que como seria extinto o pedágio na RS 240, passando somente para a RS 122, não teria mais a cobrança no Rincão, ficando o trânsito livre. O certo é que o assunto ainda deverá ser amplamente discutido. A concessionária Convias garante que, além de assumir a conservação e realizar investimentos, irá disponibilizar ambulância e guincho. Mas isso é suficiente para compensar as tarifas?
Guilherme Baptista - Fato Novo

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