sexta-feira, 13 de julho de 2007

Se o governo não quer pedágios comunitários e a população não quer o fim das rotas alternativas, qual será a solução?

Stefan Ligocki - 13/07/2007
O preço de uma obra
Principal gargalo viário da Serra, o entroncamento da RS-122 com a Rota do Sol, no acesso para Flores da Cunha, pode se transformar em um bem-resolvido complexo rodoviário, conforme o Pioneiro mostrou ontem. A ousada obra que seria executada pela concessionária Convias, numa negociação com a governadora Yeda Crusius (PSDB), contudo, tem um preço: os desvios de pedágio da região serão inviabilizados. Desde que a proposta foi apresentada aos moradores da Serra, o foco do debate ficou com os desvios. Há quem se recuse sequer a avaliar o projeto de Yeda, que contempla ainda a duplicação de três quilômetros da BR-116, um viaduto em Farroupilha e um desconto de 50% no pedágio da RS-122. Ainda que o tema pedágios seja tabu na região, a comunidade da Serra e o próprio Piratini precisam pesar os prós e os contras da idéia com serenidade. Levando em conta que o Estado passa por uma crise financeira, vale a pena esperar até o fim das concessões, em 2013, para ver a execução de obras viárias importantes na região? Ao mesmo tempo, vale a pena trocar os desvios de pedágio por obras que seriam realizadas por uma empresa que é vista com desconfiança pela população? Seja qual for a decisão que será anunciada oficialmente pelo Piratini no dia 18, o melhor seria o governo Yeda garantir à população que, por enquanto, não se fala em prorrogação das concessões rodoviárias. Isso é assunto para 2013.
Outra realidade
Ex-executivo da empreiteira Odebrecht - uma das maiores empresas do ramo no país -, o secretário estadual de Infra-estrutura e Logística, Daniel Andrade, tem enfrentado dias bem mais difíceis no poder público. Ao assumir o comando de umas das áreas mais problemáticas do Estado, Andrade tem tentado levar a praticidade e a objetividade da iniciativa privada para a esfera pública. No entanto, tem encontrado resistências. A polêmica em torno das concessões rodoviárias do Estado é um caso emblemático. Em 12 de março, Andrade declarou ao Mirante que queria "pôr as máquinas na pista" ainda no primeiro semestre deste ano, referindo-se às soluções que gostaria de implantar rapidamente por meio do Duplica RS e da possibilidade de prorrogação dos pedágios. De lá pra cá, nem a prorrogação nem o Duplica RS decolaram. Pudera. Além da morosidade típica do setor público, encontrou um outro obstáculo: a rejeição da população ao modelo de concessões. Diante das resistências, o secretário tem repetido um mantra: - Se você não quiser sofrer críticas, não faça nada.
***
Em tempo: apesar das críticas que vem sofrendo por conta da sugestão de prorrogar concessões para garantir obras, Andrade tem razão quando diz que alguma coisa precisa ser feita para evitar um apagão rodoviário no Estado.
Só para garantir
Num primeiro momento, a denúncia feita pela deputada Marisa Formolo (PT) de que haveria um acordo pré-eleitoral para garantir a prorrogação dos contratos dos pedágios foi considerada "absurda" pelo governo estadual. Como o barulho em torno do fato aumentou, na noite de quarta-feira o Piratini tentou dar um basta nas especulações: emitiu nota oficial para ressaltar que "não tramita qualquer documento referente à prorrogação de contratos de concessão de rodovias".
Causa e efeito
Coincidência ou não, a nota do Estado negando qualquer processo de prorrogação de contratos foi emitida no mesmo dia em que a Frente Gaúcha de Vereadores Contra a Prorrogação fez marcha na Capital. Há um fato curioso na nota do Piratini: ela surge num momento em que a CPI dos Pedágios começa a mostrar algum avanço. É bom lembrar que, no início do ano, o governo defendia a prorrogação sem qualquer receio. Agora, o assunto parece provocar algum desconforto.
Palanque
- A CPI dos Pedágios vai investigar dados de arrecadação das concessionárias de rodovias. Na última sessão da comissão, o secretário-geral da Assurcon, Agenor Basso, apresentou balanços anuais cedidos pelas empresas ao Daer e a prefeituras e mostrou que os números referentes aos mesmos anos não estão batendo.
- A CPI deve pedir às concessionárias, já na próxima semana, um levantamento de planilhas de arrecadação. A diferenças entre balanços seriam de alguns milhões de reais.
A propósito - Impasse
Se o governo não quer pedágios comunitários e a população não quer o fim das rotas alternativas, qual será a solução?

Nenhum comentário: