quinta-feira, 27 de setembro de 2007

CONVERSA DA DÉCADA

Stefan Ligocki - 27/09/2007 -

Uma luz no fim do túnel
Depois de anos de conflitos e prejuízos à população, pode haver uma saída para que se resolva a situação do pólo de pedágios de Caxias do Sul.Na manhã de ontem, as direções do Consórcio Univias e da Associação dos Usuários das Rodovias Concedidas do Estado (Assurcon) sentaram para conversar de maneira amistosa pela primeira vez em muitos anos. A iniciativa de retomar o diálogo foi da nova direção do Univias. A empresa, agora ligada ao grupo paulista Bertin-Equipav, está disposta a melhorar sua imagem e seu relacionamento com a comunidade da região. Os novos gestores do Univias entendem que os confrontos do passado entre a antiga direção da empresa e os usuários das rodovias não podem continuar sendo obstáculo para a realização de obras viárias importantes para a Serra. - Queremos reabrir um canal de diálogo com os usuários das rodovias que administramos - afirmou à coluna o novo diretor presidente do Univias, Mário Roberto Baltar. Na conversa de uma hora e meia entre a Assurcon e o Univias, a proposta da concessionária e do governo do Estado para resolver a situação do pólo de Caxias não chegou a ser discutida profundamente. No entanto, as duas partes deram o primeiro passo para buscar um acordo que melhore a situação dos usuários, sem deixar de levar em conta o lado da concessionária. Já é um começo.
Conversa da década
A iniciativa do Univias em retomar o diálogo surpreendeu a direção da Assurcon e fez a entidade, sempre crítica, baixar a guarda. O secretário-geral da Assurcon, Agenor Basso, diz que o diálogo de ontem foi histórico.- Nunca houve essa disposição para resolver questões dos pedágios com as direções anteriores do Univias em 10 anos de concessões. Há disposição da empresa em abrir suas contas, uma transparência que nunca vimos. Agora há um ambiente de diálogo para resolver um problema que o governo estadual criou - argumenta Basso.

O representante da Assurcon explica que a entidade deixou claro aos novos gestores do Univias que é contrária à prorrogação das concessões e à inviabilização dos desvios de pedágio. Mas Basso demonstra que há espaço para uma negociação madura entre as partes:- Temos de conversar, sempre com foco no interesse público.
A reabertura de um diálogo entre o Univias e a Assurcon é a oportunidade que o governo estadual tem para retomar o debate em torno da proposta da Convias e do Estado para a situação do pólo de pedágio de Caxias. Resta saber até quando o Piratini vai ficar sentado em cima da questão.
O diretor-executivo do Univias, Carlos Henrique Roma, garante que não há qualquer proposta de prorrogação das concessões embutida na proposta de construção de obras viárias importantes na região em troca da inviabilização dos desvios de pedágio.
Renan dos Pampas
Por conta da denúncia de que seria homem de confiança do conselheiro e ex-presidente da Agergs Guilherme Villela, ontem o relator da CPI dos Pedágios, Berfran Rosado (PPS), ganhou um apelido do colega de Assembléia Dionilso Marcon (PT). Para o petista, Berfran é o Renan Calheiros do Sul por estar envolvido em uma grave denúncia e insistir na permanência no cargo de relator. Ontem, Marcon voltou a pedir a renúncia de Berfran.

Nas mãos da Presidência
O presidente da CPI dos Pedágios, Gilmar Sossella (PDT), entregou ontem ao presidente da Assembléia, Frederico Antunes (PP), o pedido de prorrogação dos trabalhos da comissão por mais 60 dias.- Só chegamos à ante-sala do que precisa ser investigado. Só tangenciamos o objetivo. É preciso mais tempo - sustenta Sossella. Ontem, na tentativa de convencer os colegas sobre a importância da prorrogação da CPI, a deputada Marisa Formolo (PT) lembrou que jamais a Assembléia negou a continuidade de qualquer outra comissão. O pedido passará por uma análise jurídica antes de ir a plenário, onde precisará de maioria simples para ser aprovado.
Insustentável
Não foi só o deputado Dionilso Marcon (PT) que voltou a pedir a saída de Berfran Rosado (PPS) da relatoria da CPI dos Pedágios. Ontem, Paulo Azeredo (PDT) fez o mesmo, logo depois de relembrar a denúncia de que Berfran iria passar perguntas a Guilherme Villela antes do depoimento da diretora de Qualidade da Agergs, Denise Zaions.Ao insistir em ficar na relatoria, Berfran só alimenta a possibilidade de prorrogação da CPI por mais 60 dias. A denúncia, somada ao fato de ter recebido recursos de campanha de concessionárias de rodovias e de um diretor do Daer, tornam sua situação insustentável.
Destituição
Aliás, não é só Berfran Rosado que pode dançar. A Assembléia pode pedir a destituição de Guilherme Villela do Conselho da Agergs por conta da denúncia.- A Assembléia aprovou seu nome e agora pode pedir sua saída se ficar comprovado que ele não agiu corretamente - explica o deputado Francisco Appio (PP).O deputado diz que não se surpreendeu com a denúncia:- O Villela foi o mentor desse modelo de pedágio quando foi secretário de Transportes no governo Britto (1995-1998).
A propósito - Solução
Se Univias e Assurcon seguirem dialogando de forma madura, cedendo um pouco de cada lado, por que não acreditar numa solução para o pólo de Caxias?

Nenhum comentário: