sexta-feira, 23 de março de 2007

UMA EXTERNALIDADE NEGATIVA CHAMADA PEDÁGIO

“A prudência está em toda parte e dia virá que a coragem de protestar não estará em parte alguma. Nós vamos morrer de acomodados, vereis!”... (Sentença de um Padre francês).

Há séculos conjetura-se sobre a verdadeira origem do Estado, se familiar, patrimonial ou da força..
Pois resta sobejamente comprovada, nesta metade-sul, a sarcástica teoria de Reclus: “Os antigos agricultores tinham de atravessar um desfiladeiro para poderem cultivar um vale fértil. Logo instalou-se, numa das encostas, um sujeito possante, que passou a cobrar-lhes pedágio, a fim de não assaltá-los de maneira violenta, sanguinária. Empolgado com o êxito do ‘insigne’ pioneiro posicionou-se, na vertente oposta, outro assaltante, que passou também a cobrar a mesma taxa. Com o surgimento de um terceiro rapinante os agricultores se retraíram e utilizaram uma rota alternativa. Indignados, os dois primeiros assaltantes uniram-se e expulsaram o ‘intruso’, só que, majoraram o preço anteriormente cobrado como recompensa por mais um serviço prestado.”
Recentemente, por ocasião da visita do Presidente da República a Bagé, lhe foi entregue uma MOÇÃO de repúdio, denunciadora dos abusos e omissões praticados nas rodovias pedagiadas. Fato singular: a moção sobredita foi assinada por todos os vereadores de Pelotas, numa demonstração eloqüente e frisante, de que nem tudo está perdido na política, pois nossos edis conseguem superar suas divergências partidárias em nome de um objetivo comum, que é o BEM COMUM.
Patentes e patentíssimas, nesta BR-116: as altas tarifas cobradas em ambos os sentidos; a falta de critérios (três pedágios no sentido Pelotas-Porto Alegre e QUATRO de torna-viagem); o abandono das vias de rolagem (cujas, haviam recebido prontas); o acostamento defeituoso (onde cínica e precavidamente apõem placas de PROIBIDO TRANSITAR PELO ACOSTAMENTO). De resto, a deficiência na sinalização; inexistência de vias alternativas ( a obstrução criminosa destas), que batizaram “rotas de fuga”, como se foras-da-lei fôssemos. Adicione-se a isso tudo as esperas, os engarrafamentos causados pela falta de funcionários nas horas de fluxo intenso. Tamanha é a fúria arrecadatória, que até o eixo suspenso dos caminhões é pedagiado (cobram o espaço aéreo... Pode?).
Impossível inventariar os constrangimentos, as delongas, a aflitiva busca de moedas para o troco, viagens abortadas pelo alto preço da tríade: refeição, combustível, pedágio ( e sobretudo este, por contraproducente). Centenas de coestaduanos deixaram de comparecer à FENADOCE , à Festa do Mar e a outros eventos devido a esses óbices.
No dia 18 próximo, às 14 h., uma comitiva de Pelotas estará presente na Assembléia Legislativa, ao lado de aguerridos cidadãos caxienses, para dar respaldo ao Governador Rigotto, em sua intenção de disciplinar os contratos, concedidos com descomedida liberalidade por um governador que frui uma pensão que espanca a consciência dos que se aposentaram com um salário mínimo, após 30 anos de contribuição.
Recorreremos a todos os remédios legais e não descartamos a possibilidade da abertura de uma CPI. Ressalte-se que uma só Praça logra recolher 50 milhões anuais. Urge pois, eliminarmos o fatalismo do anexim: “criaturas que nasceram para ser devoradas, infelizmente não aprendem a não deixar-se devorar.” Hemos de contar com o apoio de todos os pelotenses, para comprovar do que são capazes: os milagres da vontade coletiva.
Paulo F. M. Pacheco – Pres. ( pro tempore ) da Assoc. dos Usuários das rodovias de Pelotas.

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