sexta-feira, 23 de março de 2007

PARTIDARISMO E CINISMO (revivendo fatos recentes...)

O surpreendente recuo de alguns deputados na instalação das CPIs do Pedágio e do Valerioduto, resultado de curvilíneas manobras de antecâmara, em 2005, infamou a Assembléia Legislativa deste Estado. Rui Barbosa classificava tais barganhas como politicagem, politiquice ou politicalha. Quem sabe as batizamos de politicorréia?
Houve manifesta cumplicidade em detrimento da retilínea conduta que deveriam manter em prol do interesse público. E são justamente esses “entes morais”, chamados partidos, que buscam se fortalecer através do escrutínio por listas. Ora, uma vez aprovadas estas, para elegermos um homem honesto teremos de levar, de cambulhada, nove candidatos que nada valem, a exemplo dos discos que adquirimos para ouvir uma só faixa.
Ademais, partido pressupõe “parte”, cuja, busca hipertrofiar-se para atingir o status de partido único, invariavelmente comprometido com o poder estatal. Resulta, que a democracia queda-se coarctada na própria essência.
A jornalista italiana Oriana Faillace foi quem melhor definiu os partidos: “São uma máfia, uma camarilha, na melhor das hipóteses uma seita”.
Singular o fato dos “partidistas” adotarem a estrutura hierárquica da caserna, sem admitirem, no entanto, o freio de um regulamento disciplinar. Trata-se, consabidamente, de organizações em que o cabo obedece ao sargento, este ao tenente, até chegarmos aos generais-paisanos. Escusado citar os nomes destes que há anos infestam a política nacional. A submissão incondicional dos chamados “homens de partido” constitui o mais abjeto dos seus defeitos. Perguntados se fumam, predispõem-se logo a fumar, caso seja vontade do Chefe. Confundem cumplicidade com fidelidade, É comum agirem em nome de um programa do qual não tomaram conhecimento, pois a maioria “ toca de ouvido”. No caso das CPIs abortadas, não foi só a palavra empenhada que deixaram de cumprir, mas um pacto do qual foram signatários. Alguns deputados já acusam novo arrependimento, vale dizer: dizem, desdizem e dizem de novo. Uma vergonha!
Devemos à imprensa a identificação dos deputados que traíram a vontade popular e a própria colega de bancada. Não se coraram em dar meia-volta-volver à decisão anteriormente tomada. Confiam que suas degradantes condutas cairão no olvido. Cabe ao eleitor atento não reconduzir à Assembléia Legislativa esses representantes que tão mal representaram os seus representados.

Paulo F. M. Pacheco
Professor Universitário

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