sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

LUIS ROQUE KLERING NÃO RECEBEU AS INFORMAÇÕES DA ABCR...



Prezados colegas,

Eu não recebi o anexo, em que estaria sendo feita uma análise do meu estudo. Pelo que depreendi, parece que minha qualificação para realizar o estudo está sendo colocada em questão. Informo que meu CV-Lattes está publicado na internet. Além de engenheiro, sou também graduado em administração de empresas e em administração pública, com especialização em engenharia de software, mestrado em administração e doutorado em administração (com nota 10, na USP). Tenho largo conhecimento de administração pública e de empresas, tanto teórico quanto prático, tendo recebido no ano passado o prêmio do Tesouro Nacional por um estudo de análise de contabilidade pública. Já participei de muitos projetos de grande porte junto ao governo federal, tanto como avaliador formal, quanto como desenvolvedor. Me considero bastante qualificado na avaliação de projetos.

O estudo de comparação dos modelos de pedágios comunitários e concedidos, que fiz, baseou-se em dados de relatórios públicos. O estudo mostra detalhamente a sequência dos cálculos feitos, para chegar às suas conclusões, sendo que o método foi claramente apresentado, para que qualquer cidadão com conhecimentos razoáveis de matemática pudesse acompanhar a lógica. Não tem nada escondido.

Ademais, as pessoas percebem no bolso as diferenças. A cada fim-de-semana, me dirijo para Bom Princípio, percorrendo cerca de 30 kms da rodovia RS 122 entre Portão e Bom Princípio, onde está sendo feito no momento um investimento bancado pelo pedágio de Portão no valor de R$ 24,2 milhões; em cada volta, pago no pedágio comunitário o valor de R$ 4,80 , dos quais R$ 4,00 são direcionados para aquela obra, que atualmente tem cerca de R$ 13 milhões em caixa (porque no momento as obras praticamente pararam).

A cada fim-de-semana, também me dirijo para uma localidade que fica 10 kms depois de Guaíba; para percorrer cerca de 25 kms de asfalto, pago inicialmente um pedágio de R$ 6,40 em Eldorado do Sul e mais outro de R$ 5,40 logo depois de Guaíba; na volta, pago novamente R$ 5,40. O montante de R$ 17,20 é aplicado somente na manutenção da estrada.

Se os trajetos fossem percorridos de caminhão com vários eixos, os valores teriam que ser multiplicados várias vezes, aumentando bem mais as diferenças absolutas.

Qual dos dois pedágios vocês acham que é mais efetivo para um usuário da rodovia? Quem paga e sente a conta? Os usuários já foram efetivamente ouvidos a respeito?

Se os usuários é que pagam a conta, então precisamos ouvir em primeiro lugar a eles, com sensibilidade e discernimento.

Por isso, reitero que, nesta discussão, todas as partes envolvidas precisam ser efetivamente ouvidas, mas especialmente os usuários. Quem paga a conta é que deve decidir se quer ou não comprar um produto, e como quer que ele seja! O cliente é que deve ter razão.

Em relação à questão do valor das tarifas dos pedágios, os relatórios da AGERGS e do DAER dão conta de que os preços praticados para veículos leves estão cerca de 36% acima do previsto nos contratos originais. Os relatórios de acompanhamento do DAER, que estão publicados na internet, mostram as várias incertezas e conflitos ocorridos entre governos e concessionárias nos ultimos anos. De fato, os contratos celebrados são bastante complexos, e envolvem diferentes aspectos: de engenharia de estradas, de engenharia econômica, de finanças, de administração pública, de questões sociais, de materiais, de tecnologia, do direito etc. Por isso, esta discussão não pode ser limitada a uma questão de engenharia de estradas. Ela é bem mais complexa. Assim, em virtude dos conflitos entre concessionárias, governo e sociedade (que já perduram vários anos), e dos altos valores envolvidos, parece ser altamente conveniente que seja instalada uma Comissão de Peritos Notáveis, de caráter interdisciplinar e com a participação do governo, dos usuários, das concessionárias e da sociedade em geral, de forma que esta Comissão possa chegar a uma conclusão que sirva de real embasamento para os deputados da Assembléia Legislativa, do governo e das concessionárias chegarem a um consenso sobre o valor certo das tarifas, e possíveis pendências de parte a parte. Precisamos chegar a um acordo justo. Sem acordo, não há como pensar em prorrogar e privatizar outros pedágios. O Estado do RS constitui, relativamente, o 2o. mais endividado do Brasil. Por isso, cada despesa para o futuro precisa ser cuidadosamente analisada antes. Para investirmos com os "pés no chão e os olhos no mundo", visando a alcançarmos uma excelente qualidade de vida em 2020.

Um bom fim-de-semana a todos.

Cordialmente,

Luis Roque Klering, UFRGS

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