terça-feira, 16 de janeiro de 2007

DEP. GUSTAVO FRUET DIZ QUE PRESSÃO FEZ GOVERNO RECUAR

Rhodrigo Deda [11/01/2007]


Gustavo Fruet: queixas sobre alto custo foram decisivas. Enquanto alguns políticos são contra o cancelamento da nova etapa de concessões de rodovias por entender que a União não tem recursos para investir na área, outros consideram que a decisão do governo federal foi resultado da pressão de setores produtivos contra os altos valores das tarifas de pedágio. A polêmica decisão do governo Lula de suspender novas concessões foi anunciada em Curitiba anteontem pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A ministra informou ontem que o programa de concessões de rodovias federais para a iniciativa privada foi suspenso porque os critérios estão sendo avaliados pelo governo. Na análise do deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), reclamações de entidades ligadas à área de transportes contribuíram para a decisão do governo. Segundo o deputado, no mês passado dezenas de entidades do setor assinaram a "Carta de Caxias do Sul", no Rio Grande do Sul, em que reclamam do alto custo do pedágio e do pouco benefício que usufruem. Fruet afirmou que no II Fórum Nacional de Usuários de Rodovias Pedagiadas, realizado em dezembro passado, as entidades argumentaram que há excesso de praças de pedágio, por quilômetro, nas rodovias brasileiras, em comparação com outros países desenvolvidos. A Frente Ampla em Defesa de Políticas Públicas em Favor da Maioria, que apoiou a chapa Lula-Requião na última eleição, entendeu a decisão do governo Lula como um marco jurídico e histórico contra o processo de privatização das rodovias brasileiras. Joel Benin (PCdoB), Doático Santos (PMDB), o delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk (PTdoB), entre outros integrantes da frente, consideraram a suspensão da licitação do pedágio em estradas federais uma vitória do povo brasileiro.
Críticas
Já o vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), afirmou ontem que não entende a desistência do governo federal em conceder os sete trechos de rodovias federais para a iniciativa privada. Ex-ministro dos Transportes do governo Itamar Franco, Goldman classificou a atitude do governo Lula de "samba do crioulo doido". "Nesses últimos quatro anos, o que vimos foi o empenho do governo perante o Tribunal de Contas da União (TCU) para aprovar licitações com o objetivo de conceder a administração das rodovias federais para a iniciativa privada", disse. O ex-secretário dos Transportes de São Paulo no governo Mário Covas, Michael Paul Zeitlin, considerado um especialista em concessões de rodovias para o setor privado, lamentou ontem a decisão do governo federal. De acordo com Zeitlin, não há recursos suficientes para tocar as obras necessárias nos trechos que seriam licitados. Segundo ele, em São Paulo e Minas Gerais as concessões deram certo. "Se o Paraná não quer praças de pedágio, tem-se que pensar em outra alternativa, mas não penalizar os outros Estados", disse ele, em referência à pressão exercida pelo governador Roberto Requião (PMDB), que é contra a concessão dos trechos paranaenses na licitação do governo federal.

Nenhum comentário: