quarta-feira, 1 de agosto de 2007

M O R D A Ç A

Juarez Colombro - Pres. da Assurcon

“Objeto com que se tapa a boca de alguém a fim de que não fale”. (Aurélio)
Os deputados que não quiseram a CPI e só fazem parte dela para embaraçar sua finalidade, encontraram uma maneira de aplicar uma mordaça em um cidadão gaúcho, de reputação inatacável. Não querem que o Eng° Cloraldino Severo, ex-Ministro dos Transportes, fale tudo o que sabe sobre a obscura criação ou anteprojeto do Programa Estadual de Concessão Rodoviária e da sua implantação seguida da licitação e contratos. É exatamente isso que estão sendo investigados pela CPI dos Pedágios, na Assembléia Legislativa.Por serem uma maioria, embora escassa, um voto somente, têm rejeitado o seu nome toda vez que é apresentado para ser ouvido como testemunha naquela Comissão.O eng. Cloraldino Severo até chegar ao posto de Ministro dos Transportes prestou seus relevantes serviços no setor dos transportes. Passou pelo DAER no início de carreira. Isso é importante neste momento, por que as supostas irregularidades ou ilegalidades cometidas, que são os fatos determinados da CPI, aconteceram na intimidade daquele Órgão Rodoviário, que ele bem conhece. Talvez se esteja impedindo o ex-ministro de dar uma de suas maiores contribuições: a da revitalização dos valores éticos nas relações profissionais e a obediência aos princípios da legalidade e da moralidade da administração pública. Quem não quer ouvi-lo sabe que ele revelará a paternidade do programa dos pedágios. Trata-se de uma encomenda ou de “um prato feito”. O ex-ministro foi escolhido astuciosamente, contando com o seu prestígio de homem público correto e de autoridade da área, para ser seu intermediário ou apresentador perante o Governador do Estado. Além de não aceitar a missão, condenou o projeto por julga-lo nocivo ao interesse público.
Deixem o Eng. Cloraldino Severo falar. O que ele tem a dizer será uma aula de história política contemporânea de nosso Estado. Vamos ver a confirmação de que o DAER, jamais se submeteu a Governador e tampouco seus diretores foram escolhidos e nomeados por eles. É voz corrente que a indicação de diretores do DAER, sempre teve entre eles engenheiros de fora indicados por lideranças de empresas prestadoras de serviços àquela autarquia. Chamou a atenção de quem consultou o site do TSE sobre a última eleição, o número de empresas que contratam algum tipo de serviço com o DAER, e que se constituíram na maior fonte de doações em dinheiro para a campanha eleitoral, diga-se, legalmente. Alguns deputados da CPI dos Pedágios, titulares e suplentes, também receberam ajuda de campanha de empresas concessionárias do Programa Estadual de Concessão Rodoviária e da empresa de engenharia que elaborou e coordenou o programa dos pedágios. Isso está comprovado no relatório de prestação de contas de candidatos ao Tribunal Eleitoral do Estado publicado no site: www.tse.gov.br. Este fato provocou a desconfiança de um lado e legítimo interesse da ASSURCON-SERRA, que poderá levar esta delicada situação criada e comprometedora ao exame da Comissão de Ética da Assembléia Legislativa, antes da elaboração e votação do Relatório da CPI.
A reiterada recusa dos deputados da submissa ala governamental na Assembléia, em ouvir nomes indicados à CPI por entidades sociais e empresariais de usuários do PECR, certamente provocará outras contundentes reações de repúdio próprias, em um regime republicano.

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