sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

No contrato mal-feito pelo governo Antônio Britto (1995-1998), não havia previsão de obras


Stefan Ligocki - 15/02/2008
Um modelo a seguir
Aassinatura de seis contratos de concessão de rodovias federais à iniciativa privada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ontem, é emblemática. Primeiro, porque trata-se de contratos aparentemente bem feitos, que devem servir de modelo ao Estado (leia na página 26). Segundo, porque demonstra que governos do PT, arredios à idéia de conceder estradas, estão revendo seus conceitos.Conforme o contrato assinado ontem pelo presidente Lula, um total de 2 mil quilômetros de estradas será concedido por 25 anos. Entre as rodovias repassadas à iniciativa privada, há trechos da BR-101 e da BR-116 em Santa Catarina. O Rio Grande do Sul ficou de fora dos investimentos de R$ 17,3 bilhões. Para se ter idéia da diferença do contrato feito pela União em relação às concessões gaúchas, as empresas vão investir mais de R$ 700 milhões em obras por seis meses antes de começar a cobrar o pedágio. No contrato mal-feito pelo governo Antônio Britto (1995-1998), não havia previsão de obras. O valor mais caro dessas concessões será de R$ 2,94, um preço que nem se compara às abusivas tarifas dos pedágios gaúchos. Com as novas concessões federais, o governo Yeda Crusius (PSDB), que planeja repensar o modelo de pedágio gaúcho, tem um modelo a se inspirar: preço justo e obras contempladas no contrato. Já o PT gaúcho, principal força de oposição ao governo Yeda, deve prestar atenção ao que foi feito por Lula em nível federal e exigir que algo semelhante seja feito por aqui.
SOBRE ESTA POSTAGEM RECEBEMOS A SEGUINTE MANIFESTAÇÃO VINDA DO PARANÁ:
Meu Caro Vereador Frizzo,
Sempre fui grande admirador de tuas mensagens sobre o Pedágio.
Todavia, é preciso não deixar que nossas convicções político-partidárias ofuscar nossa visão e analisarmos a questão friamente, colocando o povo e os usuários em primeiro lugar. Eu também sou grande admirador de nosso querido Presidente em vários sentidos, todavia, não posso me calar frente ao que estão fazendo com nossas Rodovias Federais através destes Contratos de Concessão.
Os atuais contratos são muito similares aos anteriormente efetuados. Até mesmo o valor inicial da tarifa de pedágio é parecida. Entretanto, em ambos os casos vemos que os reajustes anuais sem confrontação de despesas e receitas reais nos colocam no mesmo patamar de antes. O atual Governo tem feito de tudo na imprensa para se justificar, tentando com todos os artifícios se separar do anterior na questão do Pedágio, mas o fato é que o velho e tedioso filme apenas se repete agora.
Estes 700 milhões de investimento a que te referes, que por sinal foram publicados em notas de imprensa do Governo Federal, não passam de uma gota no oceano de receita que as Concessionárias terão. Além disso, não passam de pequenos trabalhos de menor monta, sendo inclusive computado neste valor a construção das praças de pedágio. Conforme alertara em meus estudos, apenas 3% do que se pagará de tarifa de pedágio com estas novas concessões serão revertidas em melhorias efetivas na pista de rodagem.
Se quiseres, terei prazer em te enviar análise mais detalhada dessas Concessões.
Atenciosamente,
Luiz Gustavo Packer Hintz
NOTA DO EDITOR: Apenas publicamos para registrar a opinião do jornalista e para que todos possam fazer a sua avaliação crítica do novo momento que vivemos com relação aos pedágios. Queríamos chamar a atenção de todos para o fato do jornalista ter feito o comparativo do valor do pedágio do modelo explorador instalado no Rio Grande do Sul com o valor do novo sistema de privatização. E, quanto ao novo sistema de pedágiamento das rodovias federais, temos severas divergência e discordâncias antagônicas ao modelo implantado!

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